domingo, 26 de junho de 2011

Piaget e Vygotsky : DIVERGÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS

Piaget e Vygotsky possuiam interesses parecidos, já que ambos eram cognitivistas/interacionistas e suas teorias se assemelham em muitos pontos. Mas isso não significa que esses dois estudiosos abordaram certas questões da mesma maneira, pois divergiam em muitos pontos. Temos como exemplo a “linguagem egocêntrica” que é uma das teorias de Piaget que Vygotsky não aceita.
Para elaborar uma psicologia interacionista é preciso acreditar duas exigencias:
1)       O estudo da contribuição do sujeito nas suas trocas com o objeto  e com o meio,
2)      O estudo do papel do meio na estruturação do conhecimento e das condutas do sujeito.
Piaget trabalhou na questão relacionada com a intereção entre o sujeito e o meio que se constitui por intermedio de dois processos: organização interna das experiências e adaptação ao meio. Diferentemente de Vygotsky, Piaget não deu ênfase aos valores culturais e sociais no que tange ao desenvolvimento intelectual.
            Para Vygotsky o interacionismo surge na forma de Sócio-interacionismo, ele dá prioridade ao papel da interação social no decorrer do desenvolvimento ontogenético. Vygotsky deu enfoque aos processos de transformação do desenvolvimento na dimensão filogenética, histórico social e ontogenético.
            Tanto Vygotsky quanto Piaget estavam preocupados com o processo de desenvolvimento intecetctual, porém seguiram caminhos diferentes para resolver os problemas. Piaget por exemplo estava interessado em saber como o conhecimento é adquirido ou contruído, se é fruto da invenção ou construção que acontece na mente do  sujeito. Já Vygotsky estava interessado com os fatores sociais e culturais e como estes influenciavam o desenvolvimento intelectual.
            Quadro comparativo entre Piaget e Vygotysky:

PIAGET
Privilegia a maturação biológica.
Fatores internos preponderam sobre os externos.
Desenvolvimento segue uma seqüência fixa universal de estágios.
Os conhecimentos são elaborados espontaneamente pela criança, de acordo com os estágios de desenvolvimento em que se encontra.
A visão egocêntrica (particular e peculiar) que as crianças tem do mundo vai, progressivamente, aproximando-se da concepção dos adultos: torna-se socializada, objetiva ( do individual para o social).
Aprendizagem subordina-se ao desenvolvimento, e tem pouco impacto sobre ele (minimiza o papel da interação social).
Pensamento aparece antes da linguagem, que é uma das suas formas de expressão.
A formação do pensamento depende basicamente da coordenação dos esquemas sensório-motores e não da linguagem.
A linguagem só ocorre depois que a criança já alcançou um determinado nível de habilidades mentais; está subordinada aos processos de pensamento.
As operações cognitivas não podem ser trabalhadas por meio de treinamento específico com o auxílio da linguagem (não se pode ensinar usando apenas palavras, a classificar, a seriar, a pensar com reversibilidade)
Concepção de desenvolvimento: forma retrospectiva, isto é, o nível mental atingido determina o que o sujeito pode fazer.
Não aceita em suas provas "ajudas externas", por considerá-las inviáveis para detectar e possibilitar a evolução mental do sujeito.
Leva em conta o desenvolvimento como um limite para adequar o tipo de conteúdo de ensino evolutivo do aluno.
VYGOTSKY
Privilegia o ambiente social.
Variando o ambiente social que a criança nasceu, o desenvolvimento também variará.
Não aceita a visão única universal, de desenvolvimento humano.
Criança nasce num mundo social, e vai formando uma visão de mundo através da interação com adultos e crianças mais experientes.
Construção do real é mediada pelo interpessoal antes de ser internalizada pela criança (do social para o individual).
Desenvolvimento e aprendizagem são processos que se influenciam reciprocamente (quanto mais aprendizagem, mais desenvolvimento).
Pensamento e linguagem são processos interdependentes, desde o inicio da vida.
A aquisição da linguagem pela criança modifica suas funções mentais superiores, dando uma forma definida ao pensamento, possibilitando o aparecimento da imaginação, o uso da memória e o planejamento da ação.
A linguagem sistematiza a experiência direta das crianças e por isso adquire uma função central no desenvolvimento cognitivo, reorganizando os processos que nele estão em andamento.
Coexistem fala egocêntrica e comunicacional, sendo a fala egocêntrica transitória na evolução da fala oral a interior, onde predomina o sentido da palavra e do contexto sobre a frase. A fala egocêntrica é o falar para si mesma e para o outro de seus planos interiores e ações; tem sentido social.
Concepção de desenvolvimento: dimensão prospectiva, ou seja, enfatiza que o processo em formação pode ser concluído através da ajuda oferecida ao sujeito na realização da tarefa.
Aceita ajudas e as considera fundamentais para o processo evolutivo.
O que tem que ser estabelecido é uma seqüência que permita o progresso de forma adequada, impulsionando ao longo de novas aquisições, sem esperar a maduração "mecânica" e com isso evitar que possa pressupor dificuldades para prosperar por não gerar um desequilíbrio adequado. É desta concepção que Vygotsky afirma que a aprendizagem vai à frente do desenvolvimento. 

sábado, 25 de junho de 2011

Contribuição a aula/ilustração: tema escolhido Capital Cultural

A importância do Capital cultural segundo Bourdieu

Segundo Bourdieu o capital cultural é o que pode designar o sucesso ou o fracasso de cada aluno.  Algumas evidências apontam que as limitações do conceito de capital econômico explicam a ligação entre o nível socioeconômico e os bons resultados educacionais. O que nos faz considerar que outras formas de capital, como o social e o cultural, contribuem para fortalecer as relações sociais. Ainda segundo o autor acima citado, o Capital Cultural é como uma herança familiar, é a família que realiza os investimentos educativos( transmitem um pouco do capital cultural(valores, saberes, expectativas) durante o processo de socialização da criança).

A ilustração que usamos para contribuir com a aula foram cenas do filme Escritores da Liberdade, o qual mostra exemplos de como o capital cultural é relevante no processo de formação, e como é determinante no sucesso e trajetória escolar. Este filme discute discute isso: a relevância do capital cultural na sociedade escolar. 

É nesse filme que uma cena surpreendentemente emblemática é concedida. Ao serem questionados sobre o que foi o Holocausto, os alunos da novata Erin veem-se diante do desconhecido. E, quando perguntados sobre quem já tinha ouvido falar no terrível acontecimento da nossa história, apenas um aluno (o único branco e de classe média) sabia o que era. Ao ver esse filme, principalmente essa cena, torna-se inevitável não pensar em algumas palavras de Bourdieu, mais precisamente nas que definem o que seja capital cultural: 

conjunto de recursos atuais ou potenciais que estão ligados à posse de uma rede durável de relações mais ou menos institucionalizadas de interconhecimento e de interreconhecimento ou, em outros termos, à vinculação a um grupo, como conjunto de agentes que não somente são dotados de propriedades comuns (passíveis de serem percebidas pelo observador, pelos outros ou por eles mesmos), mas também são unidos por ligações permanentes e úteis.

(Bourdieu, 1998, p. 28)

 Resenha do filme: http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdefilmes/641978

Referencias

BOURDIEU, Pierre. Escritos de educação. Petrópolis: Vozes, 1998.
Escritores da liberdade (Freedom Writers), de
Richard LaGravenese


Obs: Tema apresentado em aula pelas alunas Mirian e Sílvia.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Funções Sociais da Escola

A escola teve fundamental contribuição para a preparação das novas gerações quer seja no mundo do trabalho ou na vida pública. Desta forma, a escola adquire caráter conservador. A escola não é a única que tem função reprodutora, mas também a família, os meios de comunicação, os grupos sociais que servem como troca de conhecimentos. Assim como é em nossos dias a criança aprende com a família e futuramente é moldada pela própia sociedade. Resumidamente a escola tem grande influência sobre a formação do cidadão para a vida social.
            Podemos entender melhor a funções sociais da escola com a leitura  do texto do autor   A . I. Pérez Gómez “FUNÇÕES SOCIAIS DA ESCOLA : DA REPRODUÇÃO À RECONSTRUÇÃO CRÍTICA DO CONHECIMENTO E DA EXPERIÊNCIA que aborda a socialização dos alunos  na escola e a preparação  para o mundo de trabalho. Trata ainda da formação do cidadão para a vida adulta e pública. A escola muitas vezes transmite e consolida o individualismo, a competitividade, a falta de solidariedade. E o que permeia o ambiente escolar é a ideia de que a escola é igual para todos e de que, portanto, cada um chega onde suas capacidades e esforços pessoais lhes permitem. Impõe-se a ideologia aparentemente contraditória do individualismo e do conformismo social.
A estrutura social aparentemente aberta para a mobilidade individual, oculta a determinação social do desenvolvimento do sujeito como conseqüência das profundas diferenças de origem que se refletem nas formas de conhecer, sentir, esperar e atuar dos indivíduos. Este processo vai minando progressivamente, as possibilidades dos mais desfavorecidos social e economicamente.
A escola tem sido vista como um processo de inculcação e doutrinamento ideológico, que é transmitido por ideias e mensagens, seleção e organização de conteúdos de aprendizagem. Esse intercambio de ideias também se dá pelo fato de que o indivíduo está mergulhado nas  práticas sociais.
Os mecanismos da socialização na escola se encontram basicamente em duas categorias a de estrutura de tarefas acadêmicas que se trabalhe na aula e na forma que adquire a estrutura de relações sociais da escola e da aula – esses componentes encontram-se mutuamente inter-relacionados, de modo que uma forma de conceber a atividade escolar requer uma estrutura de relações sociais compatíveis e convergentes.
Os mecanismos da socialização na escola se encontram basicamente em duas categorias a de estrutura de tarefas acadêmicas que se trabalhe na aula e na forma que adquire a estrutura de relações sociais da escola e da aula – esses componentes encontram-se mutuamente inter-relacionados, de modo que uma forma de conceber a atividade escolar requer uma estrutura de relações sociais compatíveis e convergentes.

          O processo de socialização na escola é complexo e  ocorre de maneira sutil sendo marcado por diversas contradições além de resistencias individuais e grupais. O autor evoca os pensamentos de Enguida para mostrar a negociação e a resistencia que permeia a escola por meio da seguinte citação:

“A escola é um cenário permanente de conflitos (...). O que acontece na aula é o resultado de um processo de negociação informal (...) entre o que o professor/a ou a instituição escolar querem que os alunos/as façam e o que estes estão dispostos a fazer”. (Fernández Enguita, 1990).


 

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Documentos de Identidade

Por meio da obra "Documentos de Identidade- Uma introdução às teorias do currículo”, escrita pelo autor Tomaz Tadeu da Silva, que tem como um dos principais objetivos abranger as teorias de currículo, refletindo sobre cada uma delas dentro do viés histórico. Avaliando assim as contribuiçoes e as influências que as teorias de currículo causaram nos diferentes contextos históricos e até os nossos dias.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Diversidade e Inclusão.


            Para Candau a educação está intimamente ligada com a modernização.Concordo com a autora, já que, a escola é construída no contexto histórico da modernidade.
            No âmbito escolar nos deparamos com uma diversidade cultural enorme, onde há um confronto entre as diferentes forças sociais. A escola não é um ambiente homogêneo como muitos afirmam e sim um lugar de pluralidade cultural.
            Ainda evocando os pensamentos de Candau podemos dizer que os processos educacionais se desenvolvem por meio de diferentes configurações:
A educação não pode ser enquadrada numa lógica unidimensional, aprisionada numa institucionalização específica. É preciso ter um horizonte de sentido; em outras palavras, significa formar pessoas capazes de serem eles mesmos os sujeitos de suas vidas e, ao mesmo tempo, atores sociais comprometidos com um projeto de sociedade e humanidade e também um horizonte utópico pois, [...] Sem horizonte utópico, indignação, admiração e sonho de uma sociedade justa, solidária e inclusiva, onde se articulem políticas de igualdade e de identidade, para nós não existe educação (CANDAU, 2000, p.13).

Percebe-se que ainda temos muito por fazer na questão de inclusão, dos diversos alunos, da pluralidade. Existem falhas gravíssimas quando a questão é diversidade; são poucos os professores preparados, o ambiente escolar raramente é adaptado para as necessidades dos alunos.
            Resumindo,  nós futuros professores temos como missão construir uma verdadeira escola inclusiva que priorize a igualdade, sabendo respeitar as diferenças.

Referências

CANDAU, Vera Maria Ferrão (org.). Construir Ecossistemas Educativos. Reinventar a Escola. In: Reinventar a Escola. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000